
Projeto de lei regula o destino de dados pessoais na internet após o falecimento
Publicado em 29/10/2021
Proposta é que plataformas permitam aos herdeiros dispor da “herança digital” com segurança jurídica
Sabemos que a transformação digital levou muitos negócios a depender grandemente das redes sociais, e grandes investimentos são feitos nesses perfis comerciais. Em páginas pessoais, o valor é igualmente importante, mas de cunho pessoal: são textos, fotos e vídeos diretamente ligadas à imagem e memória de quem posta. E o que acontece com tudo isso após o falecimento?
Um projeto de lei da Câmara dos Deputados procura incluir perfis em redes sociais no patrimônio deixado como herança pelos brasileiros. O PL 1.689/21, entre outras coisas, permite que o sucessor legal mantenha ou altere esses conteúdos, e ainda determina que o provedor do serviço faça a exclusão dos dados caso não haja herdeiros.
“Exemplo clássico foi o caso recentemente enfrentado pelo TJSP em que o Facebook excluiu a conta da usuária falecida e sua mãe recorreu à Justiça pleiteando dano moral e a restauração da conta, pois continuava usando o perfil para recordar fatos da vida da filha e interagir com terceiros, mantendo viva a memória da filha e se apegando nisso para obter algum conforto”, lembra a advogada Letícia Martins França, do Departamento de Contencioso e Arbitragem da Andersen Ballão Advocacia (ABA). “O entendimento foi o de que deveria prevalecer a disposição de última vontade da filha, que selecionou a opção de exclusão da conta caso falecesse.”
Para que casos como esse sejam resolvidos de forma administrativa, sem necessidade de recorrer à Justiça, o Projeto de Lei 1689/21, da deputada Alê Silva (PSL-MG), traz o modo ideal para plataformas de internet tratarem perfis, páginas, contas, publicações e dados pessoais daqueles já falecidos. Com isso, a própria definição de herança no Código Civil passaria a abarcar direitos autorais, dados pessoais, publicações e interações na internet.
Para a advogada da ABA, “a regulamentação do tema, aliada à construção doutrinária e jurisprudencial, eliminará a insegurança jurídica que ronda o tema”.
Entenda como funciona a herança digital hoje
Nas plataformas Instagram e LinkedIn, qualquer usuário pode apontar o falecimento de outro e a página é transformada em “memorial”. Já o Twitter exclui a conta mediante solicitação dos familiares. “O Facebook foi o que mais avançou nesse tema, já que conta com campos específicos para se optar pela exclusão da conta ou torná-la um memorial após a morte. Além disso, ele também possibilita ao titular que indique um contato herdeiro para determinar o destino de sua conta quando falecer”, destaca Letícia. “Não existindo regulamentação, a herança digital deve ser transmitida de imediato com a abertura da sucessão, seguindo a regra já aplicável para os demais bens que compõem o acervo hereditário.”
Saiba como proceder na web
Para as empresas, no contexto do planejamento sucessório, é preciso contemplar também a herança digital, de forma a buscar a regulamentação em vida acerca do destino dos bens digitais de seus integrantes, sejam eles de cunho existenciais (personalíssimos) ou patrimoniais (não personalíssimos). “No que toca às empresas, a LGPD já determinou que o consentimento do titular constitui requisito para o tratamento dos dados pessoais”, lembra a advogada. A orientação é respeitar essa vontade após a morte, além de tornar claro o desejo de todos os integrantes ainda em vida.
Comunicação Andersen Ballão Advocacia
Matérias Relacionadas

Empresas ganham mais liberdade para pactuar juros
Nova norma afasta restrições históricas sobre as taxas em operações privadas, mas exige revisão criteriosa de contratos e políticas de crédito A Lei 14.905/2024,…
Leia mais
Tema Repetitivo 929 do STJ: o consumidor deve provar má-fé…
Precedente qualificado do tribunal alerta empresas sobre adoção medidas preventivas contra erros que possam gerar prejuízos financeiros e litígios Cobranças indevidas ocorrem por uma…
Leia mais
Resolução de conflitos: essência de nosso Departamento de Contencioso e…
Conheça o departamento que atua em defesa das empresas na resolução de disputas Quando uma empresa necessita de representação em uma disputa, seja em negociação…
Leia mais