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IAOSP debate limites entre música universal e regional

IAOSP debate limites entre música universal e regional

Publicado em 30/04/2021

Série de gravações de concertos e entrevistas com pensadores culturais repensa a hierarquização cultural presente nas artes

O que é melhor, o universal ou o particular? Ou, ainda, quem define essas fronteiras? Essas perguntas estão no centro do novo projeto do Instituto de Apoio à Orquestra Sinfônica do Paraná (IAOSP), presidido por Wilson J. Andersen Ballão, sócio-fundador da ABA. A entidade tem promovido gravações e a divulgação de obras musicais no ambiente virtual, executadas pela OSP durante a pandemia, como uma forma de manter a arte viva e de levar alento para dentro das nossas casas.

Em “Clássicos Regionais”, o IAOSP faz uma parceria com o Projeto Portinari e o Instituto Nacional de Pesquisa e Promoção de Direitos Humanos – INPPDH, entidade vinculada à Universidade de Campinas, para trazer aos espectadores um ciclo de seis apresentações virtuais da Orquestra, gravadas no Teatro Guaíra, sem público, seguindo todas as recomendações sanitárias. A expectativa é que as obras sejam divulgadas ainda no primeiro semestre de 2021, a depender de autorização das autoridades.

A escolha de autores inclui dois compositores brasileiros (um deles nascido no Paraná), um russo e um alemão. São eles: Bento Mossurunga, com três obras selecionadas; Carlos Gomes, com “Burrico de pau”; Tchaikovsky, com “Souvenir de Florença”; e Brahms, com o “Sexteto”.

“A ideia é valorizar o respeito à multiculturalidade e a ideia de não hierarquização entre as diferentes culturas musicais”, explica o diretor do IAOSP, Francisco Bley, que é advogado do Departamento de Assuntos Culturais e Terceiro Setor da ABA. “O mais interessante nesse projeto é revelar o regionalismo que existe num clássico tido como universal como Tchaikovsky, ao mesmo tempo em que se traz ao público um possível universalismo existente em compositores de fora do grande cânone, como é o caso de Bento Mossurunga”, explica.

Diversos pensadores ao longo da história da arte e da sociologia tentaram traçar uma linha divisória entre o que é particular ou universal, mas o resultado é que esse é um debate infindável. Além das gravações, que terão no palco de 5 a 20 músicos da OSP, uma série de entrevistas com profissionais da literatura, da música, da dança, da Sociologia e da Educação aprofundarão o tema, também no ambiente virtual, ao longo do ano.

“Queremos mostrar que a música é multicultural. Por que o regional seria ‘exótico’ e, portanto, ‘fora do eixo’? Será que esse pretenso universalismo seria mesmo um padrão automático de qualidade?”, questiona o diretor do IAOSP.

Para ele, dentro do conceito de multiculturalismo, está presente um grande dinamismo, que envolve a troca cultural e a valorização recíproca. O apoio do Projeto Portinari, instituição que divulga a obra do pintor e outros temas artísticos, vem a calhar: Cândido Portinari (1903-1962), paulista filho de imigrantes italianos, de origem humilde, retratou sobretudo lavradores brasileiros, com traço bastante “regional” – e tornou-se um dos grandes expoentes do nosso modernismo.

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